segunda-feira, abril 22, 2024

Augustinho Licks e Carlos Maltz

O evento de ontem no Opinião, em Porto Alegre, conseguiu atrair fãs dos Engenheiros do Hawaii de todo o Brasil. A banda de cover Engenheiros sem CREA, que em momentos diferentes já se apresentara com os ex-integrantes Marcelo Pitz (membro fundador dos EngHaw) e Augustinho Licks (inclusive juntos), desta vez conseguiu reunir Augustinho e Carlos Maltz, dois dos três membros da formação clássica do grupo gaúcho. Só faltou o principal, Humberto Gessinger, Mesmo assim, considerando as brigas e baixarias que rolaram com a saída de Augustinho em 1993, já foi um milagre juntar o guitarrista e o baterista para um show. 

Embora não tenham interagido entre si, Augustinho e Carlos demonstraram um grande entusiasmo, o primeiro sorrindo e gesticulando para a plateia e o segundo atacando com vigor os tambores e pratos. Pareciam felizes em revisitar o antigo repertório. Mas a euforia maior, como não poderia deixar de ser, foi do cover de Humberto, Sandro Trindade, realizando o sonho de tocar e cantar com dois legítimos Engenheiros do Hawaii da formação GLM. Ele, sim, circulava bastante no palco, trocando deixas com seus ídolos. Completava a banda Jeff Gomes na segunda guitarra.

O set list foi previsível, mas nem se quereria de outra forma. Todos os clássicos foram tocados, para delírio do Opinião lotado, com o público cantando junto a plenos pulmões. O show abriu com "Toda a forma de poder", única do LP de estreia, mas foi o primeiro sucesso e fazia parte do repertório clássico da banda. Depois se ouviram, entre outras, "A revolta dos dândis I", "Somos quem podemos ser", "Terra de gigantes", "Nau à deriva" (a minha preferida) e "O Papa é Pop". "Era um garoto que como eu..." foi o encerramento formal do show, mas teve bis e o fim "mesmo" foi com a obrigatória "Infinita highway".
Em certo momento a plateia começou a gritar o nome de Augusto, um carinho que com certeza o deixou emocionado. Minha expectativa era tirar uma foto de todos abraçados ao final, mas não teve a tradicional despedida. Augustinho saiu antes de Carlos, que ainda jogou algumas baquetas para os fãs. A pergunta de todos agora é: haverá novas apresentações? O sonho maior, que seria a volta de Humberto, parece estar descartado, ao menos por ora.
Entre os fãs que vieram de outras partes do Brasil para testemunhar o momento histórico, estava o carioca Luiz Felipe Carneiro, que tem o excelente canal "Alta Fidelidade" no YouTube. Uma curiosidade é que Marcelo Pitz, da primeiríssima formação dos Engenheiros do Hawaii, assistiu ao show da coxia, como vocês podem ver neste vídeo aqui do Instagram.

quinta-feira, abril 11, 2024

Banda

Desde a primeira vez em que vi este desenho do genial chargista Santiago, sonhava em tê-lo num quadro ou pôster. Pois aí está o sonho realizado. Comprei a imagem impressa diretamente dele e mandei emoldurar. Acho que ele, assim como eu, deve ter estranhado nas primeiras vezes em que ouviu a palavra "banda" para designar genericamente grupo musical. Na minha infância, o termo usual era "conjunto". "Banda" era a dos Fuzileiros Navais. Ou a Banda Municipal. Ou a do Altamiro Carrilho. 

sexta-feira, abril 05, 2024

Primeiro livro do colega blogueiro

José E. Rodrigues é três vezes colega: bancário aposentado, blogueiro (o blog dele que ainda está na ativa é "Novas Voltas em Torno do Umbigo") e escritor. Já participou de projetos coletivos e agora lança o seu primeiro livro individual: "Confinado". Como definido na capa, trata se de "um diário da peste em crônicas, contos e poesias". A sessão de autógrafos foi hoje, no Apolinário, em Porto Alegre. 

P.S.: Recebi mais estas fotos e as acrescento aqui.


quarta-feira, março 27, 2024

João Vicenti do Nenhum de Nós

No dia 28 de novembro de 2019, fui ao Theatro São Pedro, em Porto Alegre, assistir ao show de Kleiton & Kledir com Nenhum de Nós. Depois, tirei uma foto com eles. Faleceu ontem o gaiteiro e tecladista João Vicenti. É o que está de chapéu preto, ao meu lado, à direita na foto. Triste perda para a música do Rio Grande do Sul.

quarta-feira, março 06, 2024

Rascunhos

Talvez eu já soubesse e tivesse esquecido, mas os "rascunhos" que ficam guardados na minha conta do Blogger funcionam assim: os que chegaram a ser publicados e foram revertidos para rascunho, se republicados, voltam para a posição original. Rascunhos que nunca chegaram a ser publicados, se o forem, entram como postagens novas, por mais antigos que sejam. 

Republiquei algumas postagens que tinha revertido. Estão lá, no ponto em que as postei originalmente.

Significados

Algumas palavras da língua portuguesa, em sua multiplicidade de significados, parecem trazer mensagens sutis e lições de vida. Por exemplo: esperar. Existe o esperar de espera, que em inglês é "wait". Existe o esperar de expectativa, que em inglês é "expect". E existe também o esperar de esperança, que em inglês é "hope". Mas há situações em que as acepções se confundem. Você pensa que está numa espera válida, mas na verdade é apenas uma expectativa infundada, uma vã esperança. 

Outro caso é o verbo mudar. Existe o mudar de transformar-se, que em inglês é "change", e o mudar de trocar de endereço, que em inglês é "move". Mas, quando passamos para uma nova residência, com certeza queremos que haja também uma transformação em nossa vida. Positiva, claro. Sempre. Uma mudança para melhor.

Por fim, temos o verbo errar. Existe o errar de cometer um erro, que em inglês é "err" (formal, mas é a tradução literal), e existe o errar de andar sem destino, que em inglês pode ser "wander" ou "roam". Às vezes lembro de erros que cometi em minha vida e, desde então, tornei-me um errante. Mas ainda espero mudar isso.

quinta-feira, fevereiro 29, 2024

Documentário sobre "We are the world"

Já há bastante tempo, certo ou errado, passo mais tempo nas redes sociais do que vendo TV ou lendo jornais. Então é por ali que as novidades chegam até mim em primeiro lugar. Depois, trato de buscar mais informações em sites de notícias ou outras fontes, conforme o caso.

Vai daí que, de uma hora para outra, todos começaram a comentar o documentário "A noite que mudou o pop", disponível na Netflix. E cheios de elogios à produção, inclusive amigos mais exigentes que eu não imaginaria que ficariam tão positivamente impressionados. Também me surpreendi que um evento de 1985 pudesse voltar a ser um assunto tão badalado em pleno 2024. O tema é a gravação da canção "We are the world", do projeto USA for Africa. Fiz uma anotação mental de conferir esse filme e finalmente consegui vê-lo hoje. 

Eu devo confessar que não gostei de "We are the world" quando foi lançada. Achei uma música enjoativa, longa demais, com propósito explícito de emocionar ouvintes casuais. Não me passou sinceridade. Esse é o risco das composições por encomenda ou tarefa: aos meus ouvidos, a criação de Lionel Richie e Michael Jackson, cantada por um supertime de artistas americanos no auge da popularidade, soou forçada, como uma peça publicitária. Não me surpreende que tenha sido sucesso, pelo contrário: é bem o tipo de gravação que cai imediatamente no gosto do povo, vendendo como água. Ainda mais da forma maciça com que foi promovida. Mas não me cativou. Preferi mil vezes a obra dos ingleses, "Do they know it's Christmas", também em auxílio à África, apesar da frase infeliz "nesta noite dê graças a Deus que são eles e não você". Fora esse detalhe, o grupo Band Aid disse o que tinha que dizer em menos de quatro minutos (enquanto os americanos ultrapassaram a marca de sete), passou uma emoção legítima e terminou com a frase pungente: "Será que eles sabem que é Natal?"

Justamente por não ter gostado, não me interessei em ver a fita VHS "We are the world: The Video Event", que foi lançada pouco depois. Então não sei dizer quais imagens da época mostradas no documentário atual são inéditas. Mas devo admitir que "A noite que mudou o pop" me agradou bastante. Alternando cenas de arquivo com novos depoimentos de participantes diversos, o documentário conta a história completa dos bastidores da gravação, que foi registrada em áudio e vídeo. A sessão foi marcada para a madrugada seguinte ao American Music Awards, nos estúdios da A&M, em Hollywood, reunindo 45 artistas da nata da música americana.

Hoje circula nas redes sociais um trecho que mostra Bob Dylan em meio aos demais, mas sem cantar, enquanto os outros seguem na interpretação. A explicação está no filme: o produtor Quincy Jones pediu que os que não conseguissem alcançar o tom de Michael Jackson ficassem em silêncio, pois ele queria todos exatamente na mesma oitava. Ao final, Dylan grava um vocal em separado, depois que Stevie Wonder, fazendo uma hilária imitação da voz do autor de "Blowing in the wind", lhe ensina como deverá interpretar. Também é divertido o momento em que Cindy Lauper tem que se livrar de colares e brincos que estão causando interferência em seu microfone. 

Depois de tantos anos ouvindo e reouvindo "We are the world" no rádio e na TV, me acostumei com a canção e me peguei cantando junto em diversos momentos do documentário. Conhecendo o esforço que foi necessário para reunir todos aqueles astros, fazer o arranjo de vozes e concluir tudo em uma única madrugada, é impossível não ver o projeto todo de forma mais benevolente. Continuo não me juntando ao coro de "ai que lindo!" dos que a-ma-ram o resultado. Mas pelo menos já consigo admirar a contribuição de cada um, incluindo o já citado produtor Quincy Jones e o engenheiro de som Humberto Gatica, que trabalhou até com Kleiton & Kledir. Recomendo "A noite que mudou o pop". Vejam.

quarta-feira, fevereiro 21, 2024

Realizando um antigo sonho

 Hoje realizei um sonho acalentado há 39 anos (ou talvez um pouco menos, descontando os meses). Vamos por partes. 

Em 1985, trouxe dos Estados Unidos uma fita VHS com o filme "Ziggy Stardust, the Motion Picture". É o registro do último show realizado por David Bowie com sua banda Spiders From Mars em 1973, em Londres. O lançamento mesmo, em filme, vídeo e disco, só viria a acontecer cerca de dez anos depois do concerto, por razões diversas. Essa é minha fase preferida da carreira de Bowie. 
Lembro que fiquei "louco" quando vi esse laserdisc (ou videodisco) para vender numa loja de Porto Alegre. Foi no começo dos anos 1990. Eu era entusiasta do formato, então considerei uma compra obrigatória, embora não estivesse exatamente barato.  
Chegamos à era do DVD. Essa edição era daquelas vendidas em bancas de revistas a preço baixo. Comprei na hora. Mas, como sempre considerei suspeitos os lançamentos desse tipo...
...fiz questão de adquirir o DVD importado, para ter um item legítimo na coleção. Não lembro como consegui esse. Pode até ter sido em Porto Alegre, mesmo. 
Em 2003, foi lançado esse DVD comemorativo de 30 anos do show. Além de uma bela remasterização que "limpou" a imagem no capricho, ainda incluía uma trilha de comentários do diretor D.A. Pennebaker e do produtor Tony Visconti, que remixou o áudio para lançamento lá em 1983.
No ano passado, finalmente, saiu o tão esperado Blu-ray do filme (a edição da foto acima traz também dois CDs com a trilha sonora). Produções originais em película (e não vídeo comum) sempre têm a ganhar nesse formato de alta definição. De quebra, ainda incluíram "The Jean Genie" e "Round and Round", que tinham ficado de fora de todas as edições anteriores, com a participação de Jeff Beck. Muito bem!

Mas, para mim, ainda faltava uma experiência. E isso me deixava frustrado: ver o filme no cinema! Como as cenas de palco são todas com fundo escuro, qualquer reflexo na tela do televisor aparece com destaque, maculando a experiência. E ver televisão de luz apagada não é recomendável. Enfim, hoje, realizei meu sonho. "Ziggy Stardust, the Motion Picture" foi exibido na Sala Eduardo Hirtz da Casa de Cultura Mario Quintana, às 19 horas, em Porto Alegre. Agora sim, pude vivenciá-lo em toda a sua plenitude! A proporção da imagem é 4:3, a mesma dos antigos televisores, resultando em espaços ociosos nas laterais da tela. Mas é melhor dessa forma do que cortar uma parte do enquadramento para forçar um "widescreen", como fizeram com "Get Back" dos Beatles. O som me pareceu mono, mesmo assim estava ótimo para o clima de um concerto de rock. Imagem nítida e perfeita como deve ser, sem o incômodo reflexo do televisor. Os diálogos têm legendas em português. Após a exibição, o jornalista Jimi Joe deu seu depoimento sobre quando entrevistou David Bowie por telefone, depois teve sua voz reconhecida pelo cantor em uma entrevista coletiva.