terça-feira, outubro 26, 2004

Eleição em reta final

Como eleitor do Raul Pont (tá, abri meu voto – já o tinha feito nos comentários), é claro que me preocupo com as chances que ele ainda possa ter de reverter a tendência das pesquisas. A menos de uma semana da eleição, é preciso, em primeiro lugar, que haja uma margem de erro nos números divulgados. Se o levantamento por amostragem espelhar fielmente a preferência do eleitorado, fica difícil dar uma virada em tão pouco tempo. Outra esperança seria algum fato novo, algum episódio especialmente favorável nos debates, por exemplo. Pelo que tenho visto, os dois candidatos batem nas mesmas teclas de uma forma até monótona para o espectador. E, na minha opinião, sempre terminam empatados.

Há algum tempo eu estava atravessando a Praia de Belas quando passou um carro agitando uma bandeira vermelha. Uma senhora que estava parada na esquina resmungou em voz alta: "Esse PT não é partido, é uma seita!" Detalhe: se a cidadã tivesse prestado atenção em vez de se deixar predispor pela antipatia, teria visto que a bandeira que tinha passado era do Internacional! Este é justamente o grande aliado de Fogaça: o antipetismo gratuito. Porque, se observarmos bem, sua plataforma de campanha não é muito diferente da do adversário. "Manter o que está bom e mudar o que está ruim." Ora, se é isso que o povo quer, Raul é quem está mais bem preparado para realizar. Mas Fogaça vende a idéia de que fará a mesma coisa, apenas sem a égide da bandeira vermelha com a estrela. Para alguns votantes, isso faz uma enorme diferença.

Mas, se nos debates os dois empatam, na propaganda eleitoral gratuita, Raul dá um baile. O candidato do PT tem o que mostrar em termos de realizações concretas. Fogaça, por razões óbvias, só pode se calcar em promessas. E nisso seu discurso ainda é muito vago. Devo admitir que gostei de ver o número musical recentemente apresentado, em que Kleiton & Kledir apareceram cantando "Deu Pra Ti" em um showmício. Se a eleição fosse para um show, daria meu voto a Kleiton & Kledir.

Não tenho nada contra a pessoa de José Fogaça. Fui aluno dele no IPV em 1978, bem na época em que ele se lançou na política, e votei nele quando se candidatou a Deputado Federal e Senador. Admiro seus poemas e composições. Mas, quando o assunto é Prefeitura de Porto Alegre, sou mais Raul Pont.