sexta-feira, março 04, 2005

A força da Internet

A revolução da Internet é algo absolutamente fabuloso. Vejam o que os e-mails conseguiram fazer com a proposta de aumento dos salários dos parlamentares. A pressão fez efeito. Surgiu de forma espontânea, cresceu, agigantou-se e obteve o resultado esperado. O brasileiro é sem dúvida um dos povos mais “internéticos” do planeta. A rede criou um canal livre que caiu como uma luva para o espírito espontâneo e comunicativo de nossa população. Sem necessidade de passaporte, de vistos, de caras passagens aéreas e hotéis, os brasileiros viajam aos quatro cantos do mundo por esse tapete mágico que é a Internet. Nunca o povo brasileiro teve tanta voz.

Mas mais do que isso, alguém lembra da última vez em que o povo conseguiu um resultado assim tão concreto em suas manifestações? A queda de Collor? Ah, não se iludam. Ali o povo sequer foi massa de manobra, foi apenas claque. As eleições diretas? A queda do AI-5? Nesses episódios eu até diria que a participação popular teve sua importância, mas bem menor do que gostaríamos de acreditar. A República foi proclamada pelo Exército, não pelo Partido Republicano. Já a Independência foi proclamada pelo filho do Imperador de Portugal. E se houvesse Internet naquela época, como teria sido?

O poder de comunicação da Internet é mesmo incrível. A única barreira é a do idioma. Eu consigo me comunicar em português e inglês e vivi experiências novas, como discutir a Copa do Mundo com torcedores de outros países. De uma hora para outra, formou-se uma comunidade mundial de fãs de David Bowie, gente que nunca se viu pessoalmente, provavelmente nunca se encontrará, mas todos se conhecem de nome. E quando saiu o livro “Strange Fascination”, de David Buckley, contando a história de Bowie, parecia que estava sendo lançado por algum amigo do bairro, inclusive com citações da várias pessoas conhecidas na seção de agradecimentos. A televisão prometeu uma aldeia global, mas só quem conseguiu criar isso foi a Internet.

Pois a Internet conseguiu dar força política ao povo brasileiro de uma forma que antes só existia na fantasia da mídia. Desta vez foi pra valer e sem orquestração da imprensa. A Internet confundiu os papéis de emissor e receptor e decretou a democracia da legítima interatividade. Hoje você vai assistir a um show e antes de dormir mesmo já coloca no quadro de mensagens a sua opinião. E o artista provavelmente vai ler o que você escreveu. Uma verdadeira suruba comunicativa.

Eu costumo usar duas frases para definir a Internet. A mais simples é: a Internet tem tudo. A outra é: só não gosta da Internet quem não enxerga tudo o que ela tem para oferecer. Minha vida se divide entre antes e depois da Internet. O que não significa que eu não faça outras coisas e não procure aproveitar a vida. Se acontecer de eu ficar muito tempo afastado do blog, é porque estou curtindo a companhia de uma pessoa legal. Onde eu a conheci? Na Internet, é claro! Onde mais poderia ter sido?