quarta-feira, junho 01, 2005

O burro

Eu costumo dizer que, se uma pessoa é burra só pra ela, não tem problema, é uma burrice benigna. Para gente assim é que foi criado o Prêmio Darwin, homenageando aqueles que contribuem para a evolução da espécie humana eliminando a si próprios por conseqüência de sua burrice. Estou com preguiça de procurar um link. Pesquisem vocês mesmos "Prêmio Darwin" ou "Darwin Awards" na ferramenta de busca de sua preferência e divirtam-se com as histórias reais que encontrarão.

Infelizmente, nem sempre o burro restringe o seu raio de influência à sua individualidade. Aí é que começam os problemas. Lembrei disso em razão das notícias que apareceram nos jornais nos últimos dias. As mortes no trânsito durante o feriado, os ataques de pitbulls e rottweilers, tudo isso é conseqüência de burrice. Desculpem, mas desta vez não vou usar outra palavra mais bonita ou elegante. É burrice mesmo e não tem conversa.

Ah, o burro. Como lidar com ele? Ele faz sua própria lógica. Se o pitbull de outro dono estraçalhou alguém, ele acha que foi uma exceção. O dele nunca vai fazer isso, imagina! É tão mansinho... E se os jornais começam a publicar outras notícias semelhantes, ele se irrita, acha que é implicância, que saco, me deixem ter meu animalzinho feroz em paz! Até que um dia acontece a tragédia.

Já o burro ao volante é aquele que pensa que as regras de trânsito são só para quem "não se garante". Que não é o caso dele, é óbvio. Logo ele, que dirige desde a infância, vai pagar o mico de andar na velocidade máxima permitida? Ah, que se danem as normas! Não tem fiscalização aqui, vou andar do meu jeito. E se ele tiver sorte de sobreviver a um acidente, jamais vai admitir que teve culpa. Foi outro motorista que o fechou ou freou muito em cima. O fato de ele estar andando coladinho no carro da frente, querendo passar de qualquer jeito, não teve qualquer influência. Era só o outro não ter parado tão inesperadamente. O burro desconhece o significado da expressão "dar chance para o azar".

Eu não tenho paciência com gente burra. Mas ainda reservo uma certa complacência para aqueles que têm noção de limite, que sabem respeitar o próximo e fazer com que sua burrice só atinja a eles mesmos. Infelizmente, são poucos. E aí vem a missão impossível de conscientizar esse tipo de pessoa. Como conscientizar o burro? Árdua tarefa. É mais fácil manter uma distância segura.