terça-feira, novembro 22, 2005

Mensagens repassadas

Será que existe alguma forma de avisar a meu amigos virtuais, sem magoar, que eu não quero receber mensagens copiadas ou reenviadas? Que eu valorizo mil vezes mais uma só linha escrita de "próprio punho" do que um longo texto de otimismo ou auto-ajuda repassado para mim e duzentos outros que o remetente provavelmente nem sabe ao certo quem são? Sou só eu que não entendo como alguém pode achar que esse tipo de comunicação acrescenta alguma coisa?

Sobre esse assunto, a Carol, do blog Sofística, escreveu um comentário definitivo intitulado "O maldito botão de forward". Mesmo assim, resolvi dar mais este pitaco, pois em um site rival do Orkut, agora virou moda o envio indiscriminado de textos de amizade. O resultado é que, quando recebo aviso de que alguém me enviou mensagem por lá, já nem me entusiasmo, porque sei que é recadinho padrão. E como se não bastasse, ainda recebi uma sugestão de fornecimento de e-mail para criação de uma espécie de "mala direta" para envio de mensagens em Power Point. Ou seja, além do uso questionável do grupo de amigos cadastrados, o internauta em questão ainda quer formar uma lista de endereços para continuar espalhando votos de paz e amor de forma impessoal. Pensando bem, não é má idéia: quem fornecesse o e-mail estaria concordando em receber esse tipo de correspondência. Já quem não informasse estaria enviando um "Do not disturb" virtual para bom entendedor.

Alguns podem achar que estou sendo injusto e que, se ninguém me escrevesse, eu me sentiria excluído e desamado. O problema é que essas mensagens, além de não serem de autoria do remetente, não foram selecionadas "para mim". Se uma pessoa especial vê uma mensagem bonita e lembra de mim, eu até posso valorizar. Mas não, é uma metralhadora giratória de declarações de amizade, carinho e otimismo atingindo a todos de forma ampla, geral e irrestrita. Se eu fosse me sentir acarinhado com esse tipo de postagem, então teria que agradecer cada vez que ouço na TV que a Loja Tal me deseja um Feliz Natal. Muito obrigado!

O problema é como dizer tudo isso sem magoar. É difícil. O jeito é esperar que o próprio remetente perceba que estou lhe tentando dizer alguma coisa quando não forneço meu e-mail para listas, correntes, abaixo-assinados nem reenvio mensagens que, absurdo dos absurdos, orientam que sejam repassadas inclusive para a pessoa que enviou. O que a pessoa vai fazer, ler de novo?

Adoro meus amigos, não tenho pudor de declarar meus sentimentos por eles, mas prefiro fazê-lo de forma direta e exclusiva. Assim se cultiva uma amizade verdadeira.