sexta-feira, janeiro 20, 2006

Praia de nudismo

Nesta época do ano, muitos colegas estão saindo de férias. Alguns dizem, brincando, que o balneário onde costumam veranear é praia de nudismo. "Porque só vai pelado!" E isso me faz imaginar como deve ser uma verdadeira comunidade de nudistas. Mas já pensei muito nisso e concluí que não é para mim. Claro que, com minha forma física atual, seria até piada. Mas não é por isso.

Não tenho nada contra os naturistas, se são felizes assim. Cada um na sua. Mas encarar a nudez "com naturalidade"? Transitar em meio a mulheres de corpo escultural com tudo à mostra e não ter maus (leiam-se "bons") pensamentos? Não vejo necessariamente como algo saudável. Desaprovo a promiscuidade, mas sou totalmente a favor da malícia, do desejo e das fantasias.

Quando, ainda criança, tomei conhecimento da existência de sexo (felizmente através de meus pais, que sempre me deixaram à vontade para falar e perguntar sobre o assunto), o que me chamou a atenção em primeiro lugar foi a questão da nudez. Até então eu tinha como regra que os homens não mostravam seus corpos para as mulheres e vice-versa. Ao aprender sobre o ato da reprodução, percebi que era um momento de entrega total, em que dois seres humanos compartilhavam seus segredos mais preciosos. Guardo até hoje essa noção de que, antes da conjunção carnal, existe um ritual de revelação. Identifiquei-me bastante com uma cena do filme "O Que é Isso Companheiro". Quando estão prestes a transar, os guerrilheiros "Paulo" e "Maria" revelam um ao outro seus verdadeiros nomes. Ou seja: para aquele instante especial, despiram-se até de suas identidades forjadas.

Admitamos: quantas vezes olhamos para alguém atraente e ficamos imaginando como será o seu corpo nu, o seu comportamento na intimidade, a sua reação a um carinho mais atrevido? A nudez por si só não revela isso, mas faz parte do mistério. Por isso não simpatizo com a filosofia das colônias de nudismo. Se for pra ver mulher nua e ficar só olhando, que seja em strip-tease ou nas páginas da Playboy, mesmo. Ali, pelo menos, a malícia é assumida e até estimulada. Como eu disse no começo, não condeno os naturistas, mas eles lá e eu aqui. Porque se eu for lá, vou levar minha libido junto com certeza.