quarta-feira, outubro 25, 2006

Livro ou não livro

A proximidade da Feira do Livro em Porto Alegre (oba, faltam só dois dias!) me fez lembrar de uma sugestão que às vezes ouço de amigos e parentes: publicar um livro. Alguns propõem que eu reúna os melhores textos do blog, outros apenas dizem que eu deveria "escrever um livro", sem especificar o tema. É gratificante saber que há pessoas que me admiram e apostam em mim. Mas desde cedo eu já observava que esse negócio de publicar livro "não é assim" como muitos pensam.

Em primeiro lugar, gente escrevendo bem é o que não falta por aí. Basta vasculhar alguns blogs. Fora os autores pouco conhecidos dos apócrifos que circulam com assinaturas famosas. Sarah Westphal, por exemplo, que escreveu o "Quase", teve nas mãos uma chance de ouro de se lançar como escritora e preferiu não arriscar. De bons textos a Internet está cheia. Mas livro é outro papo. É produto, tem que ser vendável ou no mínimo relevante. E depois, fãs na família, quem não os tem? "Meu filho escreve tão bem... Tinha que publicar um livro!"

Aos 15 anos eu fazia poemas e freqüentava o Grêmio Literário Castro Alves. Naquela época eu já pensava em um dia publicar um livro. Aí, percorrendo as barracas da Feira, via aquelas caixas de saldos com obras sendo vendidas ao que equivaleria hoje a cinco ou dois reais. Então percebia que cada um daqueles volumes trazia uma história de sonhos e expectativas. O entusiasmo de cada autor ao publicá-los. O incentivo da família e dos amigos. O lançamento. A sessão de autógrafos. Para terminar ali, praticamente "dado" para desocupar o espaço de uma livraria.

Se um dia publicasse um livro, seria uma obra de não-ficção, como uma biografia ou pesquisa jornalística. Mesmo que depois o fruto de meu trabalho fosse parar nas caixas de saldos da Feira do Livro, pelo menos eu me sentiria gratificado por ter contribuído com um documento histórico ou fonte de referência. Livro de crônicas, só se uma editora bancasse. Edição independente, nem pensar. Eu me sentiria tão ridiculamente vaidoso quanto se vendesse um álbum de fotos minhas, por exemplo. O aval de uma editora pelo menos atenuaria o fator "ego trip", mostrando que tem gente "do ramo" apostando nos meus textos.

Na literatura, na música, nas artes em geral, tem muita gente boa produzindo. Vender é outro departamento. Meus textos estão aqui de graça. Se gostarem, bom proveito.

1 Comments:

Blogger José Elesbán said...

É. De fato. bons argumentos.

10:52 PM  

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