segunda-feira, maio 07, 2007

Ana Maria ataca novamente

Para meu orgulho, o texto "Os falsos Quintanas" é um dos mais visitados do blog. Alguns o lêem a partir de alguma indicação no Orkut, outros chegam nele por acaso, via ferramenta de busca, o que me deixa ainda mais satisfeito. Afinal, estão procurando um falso Quintana acreditando ser verdadeiro. E acabam se instruindo.

No entanto, algumas vezes, ao relê-lo, pensei comigo mesmo se não tinha sido muito ríspido com Ana Maria Braga no final. Depois que a apresentadora do "Mais Você" abordou a questão dos apócrifos em seu programa, entrevistando Cora Rónai e Martha Medeiros, achei que tinha-se redimido de todas as vezes em que divulgou falsas autorias. Imaginei que seria mais cuidadosa a partir de então e cheguei a pensar em tirar o nome dela do meu blog. Mas acabei deixando.

Como os freqüentadores assíduos desta página já sabem, estou sempre conferindo no Site Meter os argumentos de busca usados pelos internautas que aqui chegam. Se aparece algum mais engraçado, eu copio para listar depois nas "googladas incautas". Pois hoje surgiu um número surpreendente de procuras por "Mario Quintana", "Ana Maria Braga" e trechos daquele poema que diz "não quero alguém que morra de amor por mim", cuja verdadeira autora é Adriana Britto. Logo desconfiei: Ana deve ter lido esse texto hoje no programa. Não foi difícil encontrar no Orkut uma comunidade que me confirmasse isso: lá está em "
Mensagens de Ana Maria Braga" um tópico intitulado ”Não quero...", em que a integrante posta "mensagem que foi ao ar no dia 07/05/07". Na mosca. E com o nome de Mario Quintana.

As atitudes dos internautas com relação aos apócrifos se dividem em três grandes tipos. Um deles é a ignorância total. São pessoas que acreditam piamente em tudo o que lêem em e-mails ou em blogs, sejam apócrifos, notícias falsas, alertas, enfim, o que aparecer na telinha do computador é a verdade absoluta. Não raro, é inútil tentar esclarecer esses incautos (vocês já viram que eu gosto dessa palavra). Se a gente avisar, por exemplo, que tal texto não é do autor que pensavam, eles respondem "é dele, sim", e ainda cometem a suprema ingenuidade de enviar um link de blog para "provar". Esses, infelizmente, estão no Jardim de Infância da Internet. Ainda têm muito o que aprender sobre o que é e o que não é realidade no mundo virtual. Alguns talvez evoluam. Mas nem todos.

O segundo tipo é o dos internautas que conhecem casos isolados de apócrifos, mas continuam acreditando em blogs e e-mails. São aqueles que já ouviram falar que o "Quase" não é de Luis Fernando Verissimo e sim de Sarah Westphal, mas pensam que casos assim são minoria e que todas as autorias são verdadeiras até prova em contrário. Como uma amiga virtual que depois de receber um terceiro aviso meu de que o texto que estava mandando não estava creditado ao autor correto, desabafou: "Eu não dou sorte contigo, mesmo!" Pessoas assim acham que, com tantos textos de Verissimo, Quintana e Jabor dando sopa por aí, "por azar" foram escolher justamente um falso para divulgar. Esses têm mais chance de aprender um dia. Ou assim espero.

Por fim, existem os que já estão plenamente conscientizados. Já sabem que, quando alguém diz que nenhum texto recebido com o nome de Luis Fernando Verissimo é realmente dele, não é exagero, é nenhum mesmo. O que de certa forma também vale para Mario Quintana e Arnaldo Jabor. E muitos outros. E-mails e blogs não são confiáveis para consultas literárias. A Internet criou um verdadeiro universo paralelo em que autores famosos ganharam obras à parte. Felizes os que já se convenceram disso, pois enxergam a verdade.

Lamentavelmente, Ana Maria Braga se enquadra no segundo tipo. Ela sabe da existência dos apócrifos, mas ainda não percebeu que eles compõem praticamente a totalidade dos textos que circulam por e-mail. Mesmo depois de entrevistar Cora Rónai para divulgação do livro "Caiu na Rede", ocasião em que também conversou com Martha Medeiros, ela continua divulgando falsas autorias. Os "Quintanas" indevidos ainda aparecem no site do "Mais Você". E tudo isso com o aval da Globo. Como convencer os desavisados de que Quintana não escreveu nada daquilo se "deu na Globo" e "está no site"?

Enfim, só me resta pensar que foi melhor mesmo não ter excluído a referência a Ana Maria Braga em meu comentário sobre os falsos Quintanas. Serviu para que os internautas que assistiram ao programa de hoje descobrissem o texto e se informassem sobre as verdadeiras autorias. A luta continua.

Conheça as seguintes comunidades do Orkut:

O verdadeiro Mario Quintana
Afinal, quem é o autor?
Eu ABOMINO textos apócrifos

Conheça também o blog:

Autor Desconhecido