quarta-feira, julho 25, 2007

O recorde

Em épocas de competições de atletismo, um aspecto intrigante é o recorde. Sem dúvida todo o atleta de ponta sonha em quebrar um recorde. No entanto, o corpo humano tem um limite. Porém, não existe uma ficha de especificação que indique a velocidade máxima ou o tempo mínimo que um homem ou uma mulher levará para percorrer, digamos, 100 metros. Então nunca se saberá quando um recorde pode ser superado ou não. Nem mesmo quando esse limite tiver sido atingido. É essa dúvida, essa incerteza, que faz com que os atletas continuem sonhando. E se preparando.

É claro que, em se tratando de décimos de segundo, fica a impressão de que sempre é possível melhorar a marca atual. Menos um décimo. E menos outro. Além, é claro, do avanço das vestimentas e equipamentos. Quando João do Pulo quebrou o recorde no salto tríplice, lembro que Ademar Ferreira da Silva foi entrevistado. Sem desmerecer o feito de seu sucessor, o antigo detentor da melhor marca observou que as sapatilhas de João do Pulo eram "mais levianas". Certo. Mas por mais leves e aderentes que se tornem os calçados, por mais que os competidores treinem, até mesmo com uso de doping, tem que existir um limite. Em todas as modalidades.

Se alguém porventura estiver tentado a dizer que não, não existe limite para a evolução da capacidade física do ser humano, pense melhor. É possível percorrer 100 metros em um segundo? Claro que não. Super-homem e Flash só existem na ficção. Em cinco segundos? Também não. Segundo a Wikipédia, o recorde atual é de 9,77 segundos, do jamaicano Asafa Powell. Talvez não seja impossível alguém atingir a marca de 9,76 segundos. Ou 9,75. Quem sabe, 9,74. Mas em algum ponto o ser humano atinge o seu limite. Aquele que, em tese, será insuperável. E não haverá mais quebra de recorde.


Esse mistério quanto à capacidade física do ser humano é o que mantém vivo o sonho do recorde. Talvez ainda estejamos longe do limite em todas as modalidades. Talvez não. É um número secreto que não se conhecerá nem mesmo quando for atingido. Não é como o Pico do Everest, que é o ponto mais alto que um alpinista pode alcançar. Os limites do atletismo parecem superáveis. Ora, basta um décimo de segundo, um milímetro, um detalhe. Mas existe um limite.

Haverá um dia em que não se baterão mais recordes? Talvez. Pela lei das probabilidades, esse dia deve chegar. Mas o sonho do recorde nunca morrerá.