quarta-feira, julho 18, 2007

Paulo Rogério Amoretty

Conheci Paulo Rogério Amoretty Souza quando eu era criança e ele um adolescente. Morávamos no mesmo prédio, nossos pais eram velhos amigos e ele chegou a namorar minha irmã. Segundo ela conta (eu não lembro dos detalhes), quando eu fui atropelado aos 3 anos no colo da empregada, era ele quem estava cuidando de mim quando meus pais chegaram ao hospital. O namoro não deu certo, mas a amizade entre as famílias era anterior e permaneceu. Seguidamente eu encontrava Paulo Rogério (era assim que nós o chamávamos) no elevador e ele era bem simpático comigo. Principalmente em minha fase de colorado fanático, nos anos 70, sempre tínhamos assunto. No casamento dele, após receber meus cumprimentos, ele falou: "Emílio, torce por mim no Gre-Nal, eu não vou estar aí para ver". Outra recordação marcante foi de uma visita que ele e a esposa fizeram aos meus pais, acho que em 1977. Depois fiquei sabendo que saíram dali direto para o hospital e o primeiro filho deles nasceu naquela madrugada.

Mesmo depois, quando não éramos mais vizinhos, acabávamos nos encontrando por acaso. Na ocasião em que visitei o vestiário do Inter com meu pai em 1975 (ver "
Minha história colorada"), ele estava lá dentro. Em 1989 vim a falar com ele na sala de embarque do aeroporto de Cumbica, em Guarulhos. Ele me perguntou o que eu estava fazendo em São Paulo. Na verdade eu vinha de Brasília e estava em trânsito. Conversando para matar tempo, ele lembrou de uma molecagem que eu fiz no tempo em que ele namorava minha irmã. Na época em que ele assumiu como presidente do Internacional, um amigo comum, também ex-vizinho do mesmo edifício, comentou: "O Paulo Rogério nunca jogava futebol e agora é presidente de time!"

Ironicamente, em 1979, Paulo Rogério Amoretty se envolveu num incidente, também em avião, que chegou a ser noticiado pela Veja. Foi quando um famoso cirurgião plástico se negou a ceder o lugar a ele, que vinha a Porto Alegre com a esposa e o filho pequeno. A celebridade acabou voltando atrás sob a alegação de que "não viu que tinha criança", mas não foi suficiente para acalmar outro passageiro que tomou as dores da família e agrediu o cirurgião na chegada à capital gaúcha. O fato só não teve maior repercussão porque, coincidentemente, a tiragem de Veja daquela semana foi recolhida das bancas de Porto Alegre em razão de outra notícia envolvendo autoridade.

Esse foi o Paulo Rogério que eu conheci. Pouco acompanhei do trabalho dele como advogado ou dirigente do Internacional, mas dizem que era um profissional correto e competente. Ele é uma das vítimas desse injustificável acidente com o avião da TAM. Mais uma vez, envio meus sentimentos a todos os seus familiares e amigos.