quinta-feira, julho 24, 2008

Shows de Roberta Flack "adiados"

Quando soube que Roberta Flack viria a Porto Alegre, fiquei bem entusiasmado. Gosto do trabalho dela. Adoro músicas como "Killing Me Softly With His Song", "Feel Like Making Love", "Where Is The Love", "The Closer I Get to You" e "The First Time Ever I Saw Your Face", entre outras. Mas assim que tomei conhecimento do preço do ingresso, fiquei em dúvida se iria ou não. Quando vou a um show, gosto de ficar bem localizado na platéia. Para sentar bem, eu teria que pagar 250 reais. Para sentar bem acompanhado, o dobro, obviamente. Eu até poderia tentar obter uma credencial, mas no momento eu não quereria me valer desta opção.

Depois de muito pensar, decidi não ir. Mas logo em seguida me perguntei: alguém em Porto Alegre vai? Quem aqui estaria disposto a pagar um preço tão alto por Roberta Flack? Nos Estados Unidos ela é uma diva, uma das lendárias vozes da melhor soul music. Já para os brasileiros ela é apenas "a cantora de Killing Me Softly" ou alguém que fazia sucesso nos anos 70. Cheguei a comentar que o Teatro do Bourbon Country provavelmente estaria vazio.

Hoje leio no jornal que a temporada brasileira da cantora foi "adiada". Desconfio que a procura por ingressos foi muito aquém da esperada. Isso me lembra uma crítica que se ouvia bastante quando vinham astros estrangeiros para se apresentar no Brasil nos anos 70 e 80: a de que eles só apareciam por aqui quando sua popularidade andava em baixa no país natal. Na verdade, eles vinham quando a popularidade estava em alta no Brasil. Isso é que importava. De nada adiantaria trazer, por exemplo, John Denver em 1975, quando estava no auge nos Estados Unidos, se era um desconhecido por estas plagas. Tem que trazer quem o público local valoriza.

Não é que os brasileiros não gostem de Roberta Flack. Mas são poucos os que reconhecem a real importância da artista. É possível que, nos Estados Unidos, os ingressos para um show dela custem até mais do que 250 reais. Por outro lado, existem cantores americanos que fazem mais sucesso aqui do que em seu próprio país, como Billy Paul e B.J. Thomas. Não é à toa que eles vêm se apresentar com freqüência.

Em todo o caso, não perderei completamente as esperanças de que a turnê tenha sido realmente "adiada". Mas espero que o preço dos ingressos seja revisto. Não são muitos os cantores estrangeiros tidos como "nostálgicos" que fariam um brasileiro pagar 250 reais para vê-los. Por mais prestigiados que sejam em suas terras natais.