quinta-feira, fevereiro 27, 2014

Idolatria

Não basta ser fã, tem que ter as canequinhas dos seus ídolos! As dos Beatles eu já tinha, as do David Bowie eu trouxe de São Paulo.

domingo, fevereiro 23, 2014

Mutilação em alta definição


Lembram quando comentei em 2009 que a versão brasileira do DVD "Meu Amigo o Dragão" trazia uma edição bem menor do que a anunciada na embalagem? E cortava a belíssima música "Candle on The Water" na voz de Helen Reddy? Pois constato que a mesma mutilação foi mantida na edição em Blu-ray! O mais incrível é que, no menu, o ícone da cena em questão mostra justamente Helen Reddy no topo do farol, ou seja: um fotograma da parte cortada. É complicado quando nós, consumidores, dependemos de pessoas despreparadas e sem cultura para confeccionar o produto que vendem. Para mais detalhes, leiam minha postagem original aqui.

sexta-feira, fevereiro 21, 2014

Ei, este é meu pai!

A seção "Almanaque Gaúcho" da Zero Hora de hoje publica uma foto dos "Calouros do Direito em 1939" em Porto Alegre, mas comete um erro ao identificar o distinto senhor que aparece de branco: não é a pessoa citada no texto de Ricardo Chaves. Aquele é meu pai, Ivéscio Pacheco.

terça-feira, fevereiro 18, 2014

São Paulo


Eu ainda estava devendo estas fotos aos leitores do Blog. Estive em São Paulo de 4 a 7 de fevereiro, na semana retrasada, mas ainda não tinha postado fotos da cidade. Agradeço à minha amiga Ione a indicação do hotel, com excelente localização. Ficava na Rua da Consolação, quase esquina Av. Paulista.
Estas primeiras fotos eu tirei no dia 4, mais ou menos às 16:45, depois de deitar um pouco e me preparar para a sessão de autógrafos que começaria às 18:30. Tudo isto é a Av. Paulista.



 Já esta foto e as duas de baixo foram tiradas no dia 5, às 17 e 40, na volta da exposição do David Bowie.


À noite, meu amigo Gustavo e sua esposa Rosângela me levaram para jantar fora em um belo restaurante.
Eu estava receoso de como minha respiração reagiria ao ar de São Paulo, mas não houve grandes problemas. Na manhã do dia 6 eu fiz o que já estava pensando em fazer desde o dia anterior: caminhei por toda a extensão da Av. Paulista, ida e volta. A foto acima foi tirada às 10 e 5 para registrar até onde fui, ou seja, o ponto em que comecei a voltar.
A partir daqui, estou retornando pela Avenida até chegar à Rua da Consolação. Deu mais de uma hora de caminhada, mas foi tranquilo, com paradas em semáforos e também para tirar fotos.


Toda a cidade tem uma "cara", que é a imagem que vem à mente quando ouvimos seu nome. Mas, em minha primeira visita a São Paulo, em 1990, não captei a "cara" do local. Fiquei hospedado em um apartamento próximo ao Hospital Mandaqui e não guardei um visual representativo de Sampa.
Em minha segunda visita, em 1994, percebi que a "cara" de São Paulo era mesmo a Av. Paulista. Mas o dia estava cinzento. De todas as cinco vezes em que estive lá, esta foi a que me reservou a melhor impressão, com dias bonitos e céu aberto. Estava quente, mas sem a umidade agressiva de Porto Alegre. De manhã e à noite, a temperatura era relativamente agradável.

Fiquei tão entusiasmado em caminhar que, ao chegar na Rua da Consolação, passei do hotel e decidi seguir em frente. Não fui muito além, porque minhas pernas começaram a doer, mesmo assim ainda tirei estas fotos em torno de 11 da manhã.






Estas últimas fotos foram tiradas também no dia 6, porém às 19 e 20 (ainda horário de verão), antes de Gustavo e Rosângela me buscarem para mais um jantar na noite paulistana. Resolvi atravessar a Rua da Consolação e ver o que havia na continuação da Av. Paulista.









E assim encerro o terceiro e último relatório de minha visita a São Paulo. Até a próxima!

domingo, fevereiro 16, 2014

Brasileiros com Barry Gibb

Um grupo de fãs brasileiros rumou à Flórida, nos Estados Unidos, com uma missão: encontrar-se com Barry Gibb no Westin Diplomat Hotel, na cidade de Hollywood (não confundir com a Hollywood do cinema, em Los Angeles), durante a passagem de som para o show do evento Love and Hope. Tudo foi previamente preparado, com uma carta sendo enviada ao empresário, pedindo autorização. Conseguiram! O encontro aconteceu na sexta-feira, dia 14. E entregaram ao cantor um presente muito especial: camiseta da Seleção Brasileira com o nome dele! Na foto acima, da esquerda para a direita: Marco Aurélio Giustino (em seu terceiro encontro com Barry), Barry, Andreia Carnevale Martins, Daniel Alvares e Maurício Trilha.
Aqui vemos Maurício, de Porto Alegre, no momento exato em que entregava a camiseta a Barry.
O cantor recebeu presentes de fãs de outras partes do mundo, mas aparentemente só valorizou mesmo a camiseta. Os demais mimos foram despachados para serem guardados sem receberem a devida atenção.
Agora, a torcida de todos é para que Barry traga a sua "Mythology Tour" ao Brasil, como prêmio de consolação pelo fato de os Bee Gees nunca terem se apresentado aqui.

terça-feira, fevereiro 11, 2014

A exposição de David Bowie

 
Estive na exposição do David Bowie no Museu da Imagem e do Som, em São Paulo, nos dias 5 e 6, ou seja, quarta e quinta da semana passada. Preliminarmente, posso dizer que vale a pena para quem é fã. Achei curioso que as imagens em vídeo incluem desde clipes manjadíssimos já lançados comercialmente em todos os formatos possíveis até material raro com excelente qualidade. Não houve preocupação com ineditismo: o objetivo era apresentar uma amostra representativa da obra de Bowie.

Não estou reclamando, claro, mas é interessante que esse acervo tenha vindo justamente para o Brasil, depois da Inglaterra e do Canadá. Aí lembro dos meus primeiros dez anos como fã de Bowie. Não havia muitos outros por aqui. De vez em quando eu lia alguma carta de admirador na revista Pop ou Rock, a História e a Glória. Mas faltava algo como a Internet para colocar os "colegas" em contato. Até que houve aquele estouro com "Let's Dance" em 1983. E os shows de 1990 em São Paulo e Rio, depois novamente em 1997, incluindo também Curitiba. Passados 40 anos (tornei-me fã de David Bowie aos 13 anos e estou hoje com 53), o Brasil é o terceiro país a ter a honra de hospedar essa exposição. Originalmente ela se chamava "David Bowie is", mas aqui teve seu nome simplificado para apenas "David Bowie".

Fiz diversas anotações e, por isso, estou apto a descrever o trajeto completo da mostra. A exposição começa no segundo andar. Retiram-se fones de ouvido com receptor sem fio que serão usados em quase todos os ambientes. Geralmente o que se ouve é o áudio dos vídeos respectivos. Vou tentar descrever da melhor forma possível cada ambiente, com base em minhas anotações. Capturei algumas imagens da Internet para ilustração. Os títulos foram criados por mim, apenas para referência.

A entrada

Depois de se receberem os fones de ouvido que serão usados por quase todo o passeio, entra-se no túnel acima, que dá a sensação de que está começando uma espécie de "viagem" ou atração de parque temático.
Esta é a roupa que se enxerga no fim do corredor. A primeira de muitas que serão vistas em todo o trajeto.

Ambiente "Space Oddity"

Entrando-se à esquerda, chega-se ao primeiro dos "ambientes" da exposição, alusivo à música "Space Oddity", que foi o primeiro sucesso de Bowie em 1969 (inclusive lançada no Brasil em 1970 pelo selo Phillips). O espaço inclui, entre outras coisas, a capa do LP original (que se chamava apenas "David Bowie"), o single e o esboço da contracapa, desenhado por George Underwood. Aparece também o macacão com que David interpretou a composição no dia 31 de dezembro de 1979 no programa "Salute to the Seventies" (saudação aos anos 70), de Dick Clark. Em uma tela de TV, rodam alternadamente os clipes de "Space Oddity" de 1972 (com áudio de 1969, dirigido por Mick Rock e lançado no DVD "Best of Bowie" e no VHS e videodisco "Video Collection") e de 1968 (parte do filme "Love You Till Tuesday", que saiu em DVD).

Segundo ambiente/corredor
A sala seguinte é como um longo corredor que irá levar até as escadas. Mas, até chegar lá, tem muita coisa legal pra ver. A primeira delas é um vídeo (legendado em português, como todos da exposição) em que Bowie explica uma técnica de composição que ele utiliza desde os anos 70, que é de fragmentar e rearranjar aleatoriamente trechos de letras (a chamada "cut-up technique" em inglês), mas hoje com a ajuda de um programa de computador. E na parede...
...há um "telão" onde roda um vídeo inspirado no assunto acima.
Abaixo do telão, sob um vidro, aparecem diversos documentos e manuscritos históricos, incluindo a partitura de "Fame" e, como se vê acima, a letra de "Ashes to Ashes".
A letra de "Fame".

A letra de "Fashion".

A letra de "Ziggy Stardust". Se esse for mesmo o esboço original escrito por David em 1971 ou 1972, pode ir a leilão por uma fortuna.
Na parede oposta há mais relíquias, como se vê acima. Fotos do encarte do álbum "Ziggy Stardust" e do single "Ashes do Ashes" sob o vidro. Na parede, a arte de Guy  Peellaert para a capa do álbum "Diamond Dogs", de 1974. E mais figurinos à esquerda.

Aqui, mais de perto, a roupa da capa do CD "Earthling", de 1997. Como se vê no reflexo, o lay-out da capa de "Scary Monsters", de 1980, ocupa quase toda a parede do outro lado. No vidro dessa vitrine há também uma tela de vídeo rodando um curto documentário intitulado "Parceiros de Bowie". Aparecem breves depoimentos de Kansai Yamamoto (japonês que criou roupas usadas por David no palco em 1973, como se verá adiante), Tony Visconti (produtor de David em vários álbuns por toda a sua carreira) e Jonathan Barnbrook (designer gráfico que trabalha com Bowie desde 2002, tendo criado as capas de "heathen", "Reality" e "The Next Day").

Montagem "Starman"

Logo após a vitrine citada, à direita, entra-se num ambiente de espelhos onde fica um manequim com a roupa usada por David Bowie ao interpretar "Starman" no programa Top of The Pops da BBC 1 em 1972. O vídeo da apresentação (disponível no DVD "Best of Bowie") faz parte da montagem e fica rodando constantemente no jogo de telas.

Ambiente da escada

A escada que leva ao andar de baixo é aproveitada para uma bela instalação com livros, mais roupas, peças gráficas e um vídeo. O que se vê à direita, com listras verticais, é a indumentária estática que Bowie vestiu (e teve que ser carregado até o microfone) ao interpretar "The Man Who Sold The World" no Saturday Night Live.

Esse trecho do programa é mostrado na tela do televisor à direita. No dia 6 de fevereiro, quinta-feira, a imagem estava falhando, mas isso já deve ter sido corrigido. A apresentação foi ao ar nos Estados Unidos em 15 de dezembro de 1979, com participação de Klaus Nomi e Joey Arias.

Ainda no ponto intermediário entre os dois lances de escada, acima, à esquerda, aparece aquele que é talvez o mais impactante figurino criado por Kansai Yamamoto. Foi uma das muitas peças usadas por Bowie nos shows de 1973. Como se vê no filme "Ziggy Stardust, The Motion Picture", a capa é composta de duas partes que são removidas pelos assistentes, revelando outra roupa por baixo.

Também nesse ambiente se veem, entre outras coisas, uma versão embrionária da contracapa de "Hunky Dory" (acima) e uma maquete de "Hunger City", cenário usado por Bowie em seus shows de 1974, da turnê que gerou o álbum "David Live".

Ambiente "Bowie ator"

Descendo-se mais um lance de escadas, chega-se ao ambiente temático do Bowie ator. Um telão mostra uma sequência de trechos com o cantor representando. Não todas as produções, mas uma amostra representativa. Começa com "A Imagem", curta-metragem em preto-e-branco de 1967. Depois "O Homem Que Caiu na Terra", de 1976, primeiro longa-metragem estrelado pelo cantor (a cena do começo do filme, em que o extraterrestre Thomas Jerome Newton vende um anel para conseguir algum dinheiro). A seguir, "O Homem Elefante", vídeo cedido pela BBC da atuação de Bowie no teatro, em 1980, no papel-título, em Nova York. "Furyo, em Nome da Honra", de 1983. "Absolute Beginners", de 1986, a cena clássica da música "That's Motivation", em linguagem de videoclipe. "Labirinto", também de 86, mostrando o primeiro encontro entre Jareth e Sarah no quarto da jovem. "Basquiat", de 1996, em que Bowie faz o papel de Andy Warhol. Por fim, um excerto de "O Grande Truque", de 2006. E depois começa tudo de novo com "A Imagem". Embora não esteja entre os meus filmes preferidos, por sua importância e repercussão, poderiam ter incluído também "Fome de Viver", de 1983.

Ainda não é o momento de seguir pelo corredor à esquerda, pois ali é a saída. E, se você sair, não poderá voltar mais. Então dê uma boa olhada no cristal esférico de "Labirinto" à direita do telão, confira também o cajado de Jareth, do mesmo filme, à esquerda, e prossiga pelo corredor do lado direito. Ali aparecem mais relíquias do Bowie ator, como a sunga de John Merrick (o Homem Elefante) e os calçados de Pôncio Pilatus (que Bowie usou em "A Última Tentação de Cristo", em 1988).

Quando ouvir a gravação original de "The Jean Genie" nos fones (em sincronia com uma coreografia que aparece num televisor à esquerda), você estará no ponto médio entre três ambientes. Então vamos começar tomando o rumo da direita e chegar ao...

Ambiente 76-79


Embora não seja o "nome oficial", a sala em questão me pareceu cobrir o período de 1976 a 1979. "Station to Station", de 1976, foi um LP bastante elogiado, marcado por uma turnê. Os álbuns "Low", "Heroes" (ambos de 1977) e "Lodger" (1979) são normalmente referidos como a "Trilogia de Berlim" ou "Trilogia Eno", pela participação marcante de Brian Eno nas gravações (mas, ao contrário do que muitos precipitadamente afirmam, o produtor dos três discos foi Tony Visconti, não Eno). Entre os dois últimos, houve o álbum-duplo "Stage", com shows de 1978. Então, o que se vê neste ambiente são, basicamente, figurinos e peças gráficas do período. Na parede estão quadros pintados por Bowie, como "Portrait of Mishima" e "Head of J.O." (referindo-se a James Ostemberg, o verdadeiro nome de Iggy Pop). Há também um vídeo em formato vertical incluindo um depoimento de Bowie que parece ser de 1978, além de um trecho de "Word on a Wing" ao vivo em 1976 e "Sense of Doubt" no programa alemão Musikladen.

Voltemos àquele ponto intermediário que citei antes, onde se ouve "The Jean Genie" nos fones. À frente há uma cortina preta. E outra logo a seguir. Pode atravessá-las sem medo e chegar naquela que é a melhor parte da exibição.

A sala do telão de 360 graus


Pelos meus cálculos, a "programação" completa deste ambiente dura 25 minutos. Depois repete, claro, sem interrupção. Mas vale a pena ver tudo. Deveriam até ter colocado cadeiras giratórias para uma apreciação mais confortável. Além de mais manequins (vários com o rosto do "modelo" original) e peças gráficas, esta sala inclui um telão de 360 graus para imersão total na música de David Bowie. Nos momentos em que a área toda não é ocupada por imagens em movimento, mostram-se fotos das sessões das capas de "Diamond Dogs", "Aladdin Sane" e "Heroes", em formato de pequenos fotogramas lado a lado.

Três músicas são tocadas diretamente nos alto-falantes, sem uso dos fones. E o motivo é simples: elas monopolizam as imagens do telão. Os fones só são necessários quando há duas músicas sendo transmitidas simultaneamente, como explicarei adiante. Isso até é uma forma de "chamar" quem está nos outros ambientes para ver o que se passa aqui. Foi o que aconteceu comigo: eu ouvi "Sweet Thing" ao longe e segui o som. Era a apresentação de 1974 do documentário "Cracked Actor", de Alan Yentob, que nunca foi lançado para venda em vídeo, mas já foi visto em VHS, DVD-R ou YouTube por praticamente todos os fãs de Bowie. Enquanto parte do telão mostra o retângulo com a imagem do show, o restante exibe fotos e filmes que de alguma forma se relacionem com a música ou a época. Em seguida, também nos alto-falantes, veio minha parte preferida de toda a sequência de músicas (fiquei para ver de novo): "The Jean Genie" ao vivo no Top of The Pops, o vídeo-tape de 1973 "perdido" e descoberto em 2010 pela BBC. Eu já tinha visto no YouTube, mas no telão, com boa qualidade, a experiência é fantástica! Simultaneamente, são mostrados também trechos do vídeo de Mick Rock, mas o áudio é o do programa. Por fim, o manjadíssimo final do show de "despedida" de Ziggy Stardust em 1973 no Hammersmith Odeon, em Londres, em que Bowie anuncia "o último show que faremos" e canta "Rock and Roll Suicide". Isso já foi lançado em todos os formatos possíveis de vídeo, mas vale pela curtição.

A seguir, é preciso colocar os fones, pois é o momento das transmissões simultâneas. De um lado da tela, aparece uma interpretação rara de "Five Years" na turnê de 1976. Do outro lado, exibe-se "Bang Bang" ao vivo em 1987, o mesmo trecho que consta no show "Glass Spider", disponível em vídeo desde os velhos tempos do VHS. Depois, nesse mesmo lado da tela, enquanto "Five Years" segue às suas costas, vem "Rebel Rebel", do show do DVD "A Reality Tour" lançado em 2004. A música que você ouvirá vai depender de onde você se posicionar na sala. O que você estiver enxergando é o que tocará no seu aparelho móvel.

Logo após, vem um momento "Heroes", com duas versões da música sendo transmitidas ao mesmo tempo. Na metade da tela oposta à entrada, uma apresentação do ano 2000, com Bowie de cabelos compridos. No outro lado, o clipe oficial de 1977, com luz por trás (já lançado no DVD "Best of Bowie" e em outros formatos em "Video Collection"). Novamente, o que você vai ouvir depende de onde se situar entre as imagens.

Retornemos ao ponto intermediário onde se ouve "The Jean Genie" nos fones. Seguindo pela esquerda, vamos chamar o ambiente a seguir de...

Corredor de 1974

Caminhando pelo corredor à esquerda do ponto intermediário acima, enxerga-se, do lado direito, a roupa usada por Bowie na turnê de 74. O blusão é o mesmo da capa de "David Live". Há também um mostruário com documentos, o manuscrito da letra de "Win" (do álbum "Young Americans", lançado em 1975, mas gravado em 74) e uma minúscula colherinha que uma das monitoras não soube me explicar exatamente o que era. Mas não acharia exagerado supor que era o utensílio que o cantor usava para cheirar cocaína. Se não me engano era aqui também que aparecia este documento, de uma imagem que capturei de um vídeo da Internet:
 
Bowie, de próprio punho, dando instruções de como deve ser feito o "fade" ao final de "Right", do álbum "Young Americans". O "Luther" que ele cita é o cantor Luther Vandross, então um desconhecido vocalista de estúdio. 

No final do corredor, nos deparamos com a... 

Vitrine "Life on Mars"


"Life on Mars" foi gravada em 1971 para o álbum "Hunky Dory", mas foi em 1973 que Bowie filmou um clipe para promover a música, dirigido por Mick Rock nos bastidores do Earls Court, em Londres. Esta foi a roupa que ele usou no vídeo, que aparece em um televisor junto ao vidro. Eu o vi pela primeira vez no "Fantástico" em agosto de 1974. A edição original incluía inserções de um show e tinha mais contraste. Sabe-se lá por que motivo, na coletânea "Video Collection" e depois no DVD "Best of Bowie" a imagem teve o seu brilho saturado e os trechos de shows foram removidos. Mick Rock já disse num chat moderado que não foi ele o responsável pelas modificações. Talvez não tenham achado uma boa matriz para lançamento. 

Estamos quase chegando no fim da exposição. Faltam dois ambientes. Sigamos à direita e entremos no...

Ambiente "Ziggy Stardust"

Não é apenas Ziggy que encontramos nesta sala, mas como o personagem predomina, escolhi esse nome. É aqui, por exemplo, que está a roupa que Bowie usou na capa do antológico "The Rise and Fall of Ziggy Stardust and The Spiders From Mars", como se vê acima. Mas fiquei decepcionado porque era apenas uma réplica. E tive a impressão de que as cores não estavam certas. Talvez invertidas, ou o verde muito fraco. Colocar Ziggy deitado foi uma sacada interessante. Como se sabe, ele morre no fim da música.

À esquerda, entre outras coisas, vemos a roupa que Bowie usou na turnê "Serious Moonlight" em 1983, incluindo a caveira de "Cracked Actor". Há dois vídeos nesta sala. Um deles exibe o clipe de "Boys Keep Swinging", de 1979, do álbum "Lodger". O outro mostra o documentário "O impacto de Ziggy Stardust". Por fim, aparecem figurinos usados no programa "The 1980 Floor Show", de 1973, que foi a verdadeira despedida de Ziggy:

A roupa "das mãos", usada durante a apresentação de "The Jean Genie".
Com este traje, Bowie cantou "I Can't Explain" no programa e também o dueto com Marianne Faithful em "I Got You, Babe".

Saindo desse ambiente, voltamos à frente da vitrine "Life on Mars", que é um divisor de rios. Vamos agora à esquerda, para a...

Sala dos nove vídeos

Demorei um pouco a entender que essas nove telas se relacionam com os quadrados que se veem no chão:

Cada um dessas "casas" do que parece ser um recorte de um tabuleiro de xadrez corresponde a um vídeo. As casas vermelhas têm som, as pretas, não. Conforme a posição, cada visitante ouve nos fones um áudio diferente correspondente a um dos clipes da parede. Anotei alguns: "D.J.", "Blue Jean", "Heart's Filthy Lesson" e "Look Back in Anger". Deve ter muito mais, mas todos, suponho, disponíveis no DVD "Best of Bowie".

À esquerda das telas, anotei três figurinos: a roupa de Screaming Lord Byron (do filme "Jazzin' For Blue Jean", de 1984), o traje de Pierrot do clipe de "Ashes to Ashes" de 1980 e uma indumentária com rabo criada para a baixista Gail Ann Dorsey.

Num canto da sala, viam-se as cabeças abaixo:

Os rostos são projetados e se mexem. Bowie usou recurso semelhante no palco em 1997, quando veio ao Brasil, e também no recente clipe de "Where Are We Now", do ano passado.

A saída

Para sair da exposição, você precisa retornar até o ambiente do Bowie ator e tomar o corredor da esquerda. Mas, mesmo ali, há uma última atração: além de imagens diversas na parede, uma sequência em vídeo com doze quadrinhos (três fileiras de quatro) mostrando uma sessão de fotos realizada por Bowie com Herb Ritts em dezembro de 1989. Bowie está tocando um violão. Um dos quadros está sempre em movimento, até que é "congelado" para mostrar a foto e o movimento passa para o quadro seguinte.

O livro "David Bowie is", sobre a exposição, foi traduzido para o português e está à venda na lojinha do MIS. É uma compra praticamente obrigatória, apesar do preço salgado. Para quem entende inglês, recomendo também o "David Bowie Album by Album", de Paolo Hewitt. Esse eu já tinha. Pensei em brincar de karaokê no "Estúdio David Bowie", mas desisti quando vi que só havia seis músicas disponíveis e que não era parte da mostra original, apenas uma atração incluída localmente pelo MIS (e as bases instrumentais foram gravadas por uma banda de cover).


Espero que tenham gostado do meu relato. Se alguém quiser fazer alguma correção ou acréscimo, fique à vontade.


Leiam também:

David Bowie no Olympia (SP) em 1990 
Relíquias de David Bowie 
David Bowie no Brasil em 1997

P.S: Esta não foi a primeira postagem de fevereiro. Estranhamente, as anteriores não aparecem para quem vasculha o mês todo. Confira também "A sessão de autógrafos", sobre o lançamento do livro "1973, o Ano que Reinventou a MPB" em São Paulo.