sexta-feira, abril 15, 2016

Filmes de David Bowie em Porto Alegre

A partir de amanhã, a sala P. F. Gastal, da Usina do Gasômetro, apresenta um ciclo de filmes de David Bowie. Infelizmente, somente "Apenas um Gigolô" e "Um Romance Muito Perigoso" serão exibidos em cópia digital própria para cinema. Todos os demais serão em DVD. Saibam os detalhes clicando aqui.

Não prometo nada, mas meu grande amigo Zeca Azevedo, que já participou de outros debates naquele local, me indicou para ser um dos palestrantes nessa mostra. Se rolar mesmo, eu aviso antes. A verdade é que, em primeiro lugar, não sou nem nunca pretendi ser expert em cinema. Meu gosto para filmes é bem hollywoodiano e comercial. Em segundo, sou fã do Bowie músico, não necessariamente do ator. Tanto quanto eu possa avaliar, ele é bom no ofício, o que é confirmado pela maioria dos críticos. Mas nem mesmo vi todos os trabalhos em que ele atuou.

Descontados projetos menores (como o curta metragem "The Image"), "O Homem que Caiu na Terra", de 1976, é considerado o primeiro filme de David Bowie. Por isso mesmo, despertou minha curiosidade, na época. Eu o vi pela primeira vez em 1977 no saudoso Cine Vogue, na Independência. Era uma versão bem mais curta do que a lançada em DVD, mas não por culpa da censura brasileira (embora ela tenha feito alguns cortes, também). A edição para o mercado inglês foi considerada longa e pesada demais para as plateias dos Estados Unidos.

Assim, os cinemas americanos receberam uma película com tempo bastante reduzido, notadamente excluindo uma impactante cena de nudez com Bowie e Candy Clarke disparando balas de festim. Foi essa edição que chegou às salas brasileiras em 1977 e ao primeiro lançamento em VHS nos anos 80 (pirateado e mal legendado no Brasil para as locadoras). Depois acabou saindo na íntegra em formatos diversos de vídeo. O laserdisc da Criterion Collection é simplesmente maravilhoso, incluindo comentários de Bowie, do ator Buck Henry e do diretor Nicholas Roeg (depois reproduzidos na edição em DVD da Criterion).

Bowie também deu um valor imenso a esse filme. Prova disso é que usou fotos dele na capa de dois LPs consecutivos: Station to Station (1976) e Low (1977). Em uma das cenas finais, numa loja de discos, lá no fundo enxergam-se diversos exemplares do seu mais novo LP na época das filmagens, Young Americans. Outra curiosidade é que o músico pensou que seria responsável pela trilha sonora e chegou a compor alguns temas com esse objetivo. Segundo ele, as músicas acabaram entrando nos dois álbuns citados, mas não se sabe exatamente quais. No caso de Low, vários dos temas instrumentais ou semi-instrumentais poderiam ter sido criados com o filme em mente. Mas onde as músicas de Station to Station encaixariam no roteiro?

Arrisco alguns palpites. "Stay" pode ter sido inspirada no ponto da trama em que Mary Lou (a atriz Candy Clarke) manifesta seu desejo de que Thomas Jerome Newton (Bowie) não volte para o seu planeta. "TVC 15" ficaria perfeita naquela cena em que Bowie está diante de diversos televisores ligados. Por fim, há um momento em que Newton diz que quer ouvir "pessoas cantando" e Mary Lou põe para tocar (num curioso aparelho futurístico que funciona com uma esfera) "Blue Bayou", com Roy Orbison. Quem sabe a intenção de Bowie não seria a de que, em vez dessa, se ouvisse a sua cover de "Wild is the Wind"?

David Bowie afirmou por diversas vezes, na época, que seu real objetivo era se tornar diretor de cinema. Estava começando como ator para aprender. No fim, acabou desistindo desse sonho, mas realizou-se no filho Duncan. 

1 Comments:

Blogger José Elesbán said...

Agora eu fico dando falta do botão de "curtir" aqui no teu blog...

12:05 AM  

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